“Lembro que poucos dias antes do meu caçula nascer eu vivia acordando no meio da noite com várias questões martelando a minha cabeça: “Como vai ser? Será que o meu mais velho vai ficar bem? Será que vou conseguir amar o caçula como amo o mais velho? E se eu tiver o Maternity Blues de novo, como vou fazer? Nossa, dois filhos, quanta responsabilidade.
Ter o segundo filho é como pegar onda em um mar que você já surfou. Você faz uma idéia do que seja mas as ondas eventualmente podem ser bem maiores ou bem menores do que as que você já surfou ali.
Você já passou pelo parto, já sabe amamentar, conhece a agonia que é ver um filho chorando com cólica, é íntima das noites em claro, do cansaço sem fim… Mas por não saber lidar com o filho mais velho nessa nova realidade ficamos apreensivas. E se não é fácil para a gente imagina para eles que não tem noção do que vai acontecer. Até aquele momento era só você e ele, e agora a sua atenção materna vai ser dividida entre ele e o bebê.
Lembro também que quando estava grávida do caçula ia no quarto do mais velho enquanto ele dormia e ficava ali olhando pra ele. Chorava com medo das ondas grandes e rezava para que elas fossem apenas marolinhas bem tranquilas na pequena vida dele.
E posso falar a real? Como tudo na maternidade essa questão também não tem receita.
Acho que o segredo nesse momento é termos a delicadeza de perceber que o bebê que chegou precisa de carinho amor e cuidados, claro. Mas o mais velho é quem precisa de uma dose extra de afeto. Precisa de olhar cuidadoso e atenção como jamais precisou, além de poder ter liberdade de se relacionar com o irmãozinho. Deixe ele dar carinho, beijo, segurar no colo e ajudar nos cuidados. Deixe o relacionamento deles nascer sem muito não pode isso, não pode aquilo. Você vai notar um amor lindo brotar no coração do seu primogênito, é lindo de se ver, emociona!
E mesmo fazendo tudo isso e me esforçando ao máximo as ondas por aqui já foram enormes, robustas e difíceis de surfar, mas também já foram marolinhas bem tranquilas e deliciosas.
E se você ainda tem dúvida se vai conseguir amar o segundo como ama o primeiro, ah você não tem idéia. Somar é pouco para o amor materno ele multiplica de uma maneira que não da para explicar, só sentir!”