Ei você aí, que acabou de dar de mamar, ou você que acabou de dar antitérmico para o seu filho que está com febre e confere a cada cinco minutos para ver se já baixou. É você mesma, que termina o dia mais exausta do que se tivesse corrido a maratona de São Silvestre. Seja sincera comigo, aposto que não imaginava que nessa fase, que todos diziam ser a mais plena da mulher, você fosse se sentir tão cansada, cobrada e confusa não é mesmo?
Costumo comparar a maternidade com aquelas fitas cassetes que tinham o lado A e o lado B lembram?
Então, o fato é que a sociedade vende somente o lado A da maternidade que só tocam músicas com sentimentos doces e deliciosos, e esse lado A existe, claro. Mas quando a realidade chega, percebemos rapidamente que existe o lado B: difícil e exaustivo. E até aceitarmos a idéia que existe um lado B, sentimos muita culpa quando ele começa a tocar.
Na fase de bebê toca na dificuldade com a amamentação, nas cólicas, no maternity blues, na falta de sono, no corpo refletido no espelho que a gente não reconhece.
Quando vão para escolinha toca no nosso sentimento confuso de não saber se é a hora certa para iniciarem a vida escolar, toca quando eles ficam doentes e isso significa mais dúvida se fizemos a escolha certa, e em decorrência disso mais um monte de noites mal dormidas.
Quando crescem mais um pouco a música que pega no lado B é a educação. É aquele tipo de música que não sai da cabeça sabe? Na minha opinião é a música mais tocada de todas, principalmente porque vivemos nessa era digital desenfreada. Ah, como eu queria ter sido mãe na época das fitas cassetes.
E como existe esse lado B, se não cuidarmos, nossa identidade vai pelo ralo. E esse é o maior perigo porque se não soubermos parar um pouquinho, trocar a fita e ouvirmos a nossa própria música, a tendência é a fita da maternidade tocar cada vez mais o lado B.
Por isso nunca esqueça da sua fita.
A maternidade é, de longe, a fita com as músicas mais complexas que existe.
Se engana quem acha que maternidade é plenitude. Maternidade é Hard Core, babe, mas a gente ama!
Texto: @maeforadacaixa