Grande ingenuidade achar que dá para passar pela gravidez e maternidade e seguir com o mesmo corpo.
Ilusão.
Sei que antes de passar pela experiência é realmente difícil entender o que ser mãe significa e quão profunda é a mudança. Mas imaginar ou até querer que o corpo não mude chega a ser tolice.
O que é um corpo?
Pele, pés, mãos, barriga, braços, pernas, cabelos, seios, bunda?
Só isso?
Não, corpo é um mundo.
É cérebro, sentimento, coração, células em constante transformação.
Como não mudaria na gestação?
A partir da fecundação a mudança já começa na velocidade da luz.
Vitaminas,
energia,
tudo direcionado para o feto, é fato.
A gravidez é como um vulcão em erupção.
É o momento de formar uma nova vida.
Entrega e doação.
Suga descomunalmente da gente.
É tão poderoso que não só muda, como muda profundamente.
E não é só o esticar da pele para as estrias aparecerem, ou a retenção de líquido para a celulite dar as caras.
Ahhhh se essas fossem as únicas mudanças.
A gente muda também na respiração na mente e na emoção.
E essas mudanças, nenhum “tratamento de beleza” consegue reverter.
Vão-se vitaminas e energia. Lapsos de memória. Sentimentos misturados.
É o momento da vida que o nosso corpo é mais usado,
é o momento que o nosso corpo trabalha como nunca trabalhou.
E então, quando a gravidez fica para trás e eles nascem o vulcão continua ativo.
Amamentação a todo vapor.
Cabelos caem.
Unhas quebram.
Emoção em ebulição.
Puerpério amigo escudeiro.
Os órgãos tentam se acomodar e nós precisamos de paz para deixar o novo corpo surgir e encontrar o seu lugar.
E o amor que tanto se fala não é só beijinho e abraço e sim entregar seu corpo como abrigo.
Precisamos nos cuidar?
Com certeza.
Mas nunca achar que não iremos mudar.
Como querer ter filho e não aceitar ter o corpo mudado ou marcado?
Percebe a tolice?