Hoje o texto é de uma querida leitora do blog, Júlia Drumont. Ela mandou esse texto lindo e que nos faz pensar!
Júlia,
Obrigada pelo carinho com o Mãe Fora da Caixa e parabéns pelos 6 meses do Arthur completados hoje!
Beijos, Thaís
“A hora certa de ter um filho é depois de dois anos de casamento. Mentira.
A hora certa de ter um filho é antes dos trinta. Mentira.
Talvez seja depois dos trinta. Melhor, depois de conhecer TODOS os países que tem vontade. Minto. Deve ser depois de fazer especialização, opa, mestrado. Não, não, doutorado. Aliás, depois de virar chefe e chefe da chefe.
Hum, talvez seja quando a gente, finalmente, ganha mais. Mentira.
Não existe hora certa. Tudo bem, concordemos que gravidez na adolescência não é bem o que a gente planeja.
A questão é que, depois de virar mãe, percebi-me de um jeito totalmente novo.
Conhecendo cada vez mais aquele serzinho, conheço-me de um modo diferente. Isso faz com que todas as aspirações mudem. Não que não existam mais vontades antes existentes, entendam. Mas depois que nos tornamos mães percebemos que diversas daquelas teorias que temos antes da maternidade sobre a MelhorHoradeTerumFilho são uma furada.
Sim, eu ainda quero estudar mais. Sim, e conhecer outros lugares.
Crescer profissionalmente não é má ideia. Explico: Não são as aspirações em si que são diferentes, mas a forma como elas se dão.
Estudar mais, sim, mas podendo conciliar com os futuros estudos (e lazeres!) do meu filho. Viajar mais, sim, mas onde será que é bom para crianças? Crescer profissionalmente, mas de forma que não me impeça de acompanhar o crescimento -esse sim- do meu filho.
Se engana quem pensa que o fato de os planos terem mudado fez deles uma privação. Ao contrário, ver tudo sob uma nova perspectiva é uma delícia. Assim, interessando-me pelo tilintar da colher ao bater no copo. Pela textura do papel ao ser amassado. Percebendo a beleza de um paninho a balançar no vento redescubro, pelos olhos do meu filho, a beleza do mundo!
Desse mesmo, que estava diante do meu nariz! Ele sorri com pureza, para desconhecidos e investiga “obviedades”, como um cientista.
Esse olhar curioso, atento, feliz, faz o mundo se abrir em infinitas possibilidades. Isso não me priva em nada, isso me expande.
Obrigada, filho.”