A Samyra tem blog onde eu flor escreveu esse texto lindo e nos enviou. Eu fiquei encantada pois fala bastante do que falamos aqui no mãe fora da caixa. Da questão de sermos mães mas não esquecermos a mulher que somos. Fala do momento que ela se reencontrou com ela novamente. Achei lindo e fico muito feliz que as pessoas se identifiquem com o blog! Espero que gostem também!
Do reencontro
Quando nos tornamos mães o mundo inteiro se transforma. Existe uma
transformação pessoal muito louca. E a impressão que temos é que
tudo muda quando colocamos nosso bebêzinho no colo e sentimos aquele
cheirinho único pela primeira vez. Mas a vida vai passando,
acumulamos experiências durante todo esse processo de maternar e com
as experiências, acumulamos medos, culpas, anseios, alegrias
infinitas e muito, muito amor.
Esse ano, minha filha mais velha completou 5 aninhos. Uma idade linda!
Ela está mais companheira do que nunca. Percebi que a mesma idade da
Clarice, é a idade em que eu não ligava tanto mais pra mim. E
percebi também que aquela história de que o mundo tudo muda pra nós
quando nos tornamos mães, pode ser apenas um ponto de vista. O que de
fato acontece quando nos tornamos mães, é que a nossa maneira de ver
o mundo se transforma. É de dentro pra fora que vimos nascer outro
mundo. E a partir daí, olhamos menos pra nós, pensamos menos em
nós, queremos mudar o mundo e fazer dele o melhor lugar para se viver
e criar nossos maiores amores, aqueles amores que nos transformam por
dentro como pessoas.
Só que chega um momento, em que sentimos falta da pessoa que éramos
antes de ser mãe. Não se culpe por isso. Vemos que nossos filhos
estão crescendo e precisando cada dia menos de nós, isso pode ser
terrível para o coração de uma mãe, mas ao mesmo tempo, vemos que
a vida segue seu curso e que desejamos que isso seja o mais natural
possível. Sentimos falta do que gostávamos, de onde gostávamos de
passear, do nosso prato preferido. Sentimos falta de cuidar de nós e
até mesmo de não fazer nada por alguns instantes do dia por puro
luxo. E o amor? Aquele amor imensurável que sentimos pelos filhos? Eu
respondo: Aquele amor continua crescendo pra todos os lados e isso nos
seguirá durante toda a nossa existência como mães.
A novidade disso tudo é surpreendente. O mundo que se transformou
dentro da gente, nos transformou em pessoas melhores. Não digo mais
importantes do que as outras pessoas, não é disso que falo… falo
de algo interno que nos mudou a tal ponto que precisamos nos
reencontrar dentro de nós mesmas. E esse encontro precisa ser
inteiro, de peito aberto, sem medo de aceitar a nova pessoa que passou
a existir. E quando lembramos do que a gente gostava de comer, onde a
gente adorava passear, qual música a gente amava ouvir… encontramos
alguém dentro de nós que quer fazer tudo isso de novo e sem estar
assombrado com a culpa. Sem julgamento. Porque às vezes somos cruéis
com a gente nós mesmas, queremos colocar na balança o amor próprio e o
amor de mãe…
O amor pelos nossos filhos não se abala. É possível encontrar o
caminho do equilíbrio. É possível se permitir e se reconhecer uma
pessoa melhor com a maternidade, porque a maternidade nos humaniza
acima de tudo.
Esse ano eu me reencontrei. E percebi que meu mundo pode ser visto com
olhos de alguém que se transformou com a maternidade. Quando me vi eu
estava prestando vestibular. Estava correndo atrás de um sonho que
andava esquecido. Mas precisava ser sonhado de novo. Quando me
reencontrei, eu comecei a correr 5 vezes por semana e até consegui
perder uns quilinhos. Quando me reencontrei eu entendi que preciso dar
mais importância aos meus desejos e sonhos, mesmo que seja um desejo
simples, de querer apenas um pouco de silêncio pra ouvir a música
bonita no fone… sem o fantasma da culpa. Porque minhas filhas serão
felizes ao me ver realizada no meu mundo que foi inteiramente
transformado por elas. E esse processo é contínuo… é infinito
como o meu amor por elas.