“Eles se aconchegavam no meu colo.
Só conseguiam caminhar segurando com as pequenas mãozinhas, as minhas.
Hoje correm atrás da bola e fazem gol.
Ficam em pé na prancha para pegar onda.
Caminham para longe.
Começam a partir em doses homeopáticas.
Filhos crescem rápido, é fato.
Mas não é sobre isso.
É sobre o cordão invisível
O cordão que não se vê, mas se sente.
O cordão que não sabemos quando vai deixar de existir.
Tem dias que está bem preso, mas em outros mais solto.
Talvez não seja sobre o cordão invisível,
mas sobre o nosso sentimento de finitude.
Chega a embrulhar o estômago.
Dói.
Amarga a boca.
Da medo de andar de avião sem eles e o cordão estourar.
Não, por favor, eu tenho filhos para cuidar e educar!
Chega a fazer mal pensar na possibilidade da não existência.
O medo de partir,
Antes não existia, hoje domina.
Mas será que incomoda por eles precisarem de nós fisicamente ou pelo nosso apego?
Se estão conseguindo partir é porque tem confiança.
Se vão é porque tem algo que os faz ser fortes.
São fortes mesmo sem eu estar presente fisicamente.
Será que é através desse cordão que recebem a coragem?
E as mães que partiram desse mundo deixando seus filhos?
O que as liga a eles?
De onde vem a força desses filhos para seguir e a coragem para enfrentar?
De quem fica? Parte com certeza.
Mas e o cordão, será que não seria a solução?
Só pode ser isso.
Você acha que Deus deixaria as mães, que já estão em outro plano, desconectadas dos filhos?
Nunca!
Quanta tolice a minha achar que o cordão romperia algum dia.
É eterno, infinito e para sempre.”
Texto: @maeforadacaixa