“Quando se é mãe de um bebê e uma criança pequena, sempre tem alguém no seu colo, nos seus braços, dependurado em você de alguma forma.
O espaço entre você e seu filho é minúsculo. A noção do espaço que seu corpo ocupa no mundo é fortemente afetada pelo fato de você ter constantemente este apêndice carinhoso.
O que me leva a sofrer por antecedência, imaginando o dia em que meus filhos não vão mais viver empoleirados em mim.
Dia que não serei mais a poltrona de uma criança brincando ou vendo um filme.
Dia que não serei mais o lugar de consolo quando minha filha ou filho estiverem tristes.
Dia que não poderei pegar meu bebê nos braços para dar uma fungada no cangote cheirosinho dele.
Dia que outros lugares no mundo serão mais interessantes do que este grude na minha pele.
Por isso, enquanto este dia não chega, sigo desfrutando, feliz da vida, todas as vezes que eles querem que esta distância entre nós seja apenas alguns milímetros.”
Texto da leitora: @juliaantunesoliveira
